
A REDI (Rede pela Volubilidade e Inclusão LGBTI+) Portugal nasceu no mês de maio, da iniciativa de algumas empresas que já eram associadas da REDI Espanha e trabalhavam no mercado ibérico, e que sentiam “a falta de uma estrutura semelhante que pudesse estribar as suas organizações em Portugal”.
Tal porquê explicou à Lusa o presidente da REDI Portugal, a associação é autónoma da congénere espanhola, mas “bebe da experiência” da rede empresarial que existe no país vizinho, assumindo-se porquê “uma associação portuguesa para as empresas que são portuguesas no mercado português”.
“Em Portugal não havia uma organização que trabalhasse esta temática de uma forma dirigida especificamente para as empresas. Há algumas associações que trabalham a temática da multiplicidade LGBTI, mas não é numa linguagem para as empresas, no contexto empresarial, e isso faz diferença”, apontou João Mattamouros Resende.
Segundo o responsável, a REDI Portugal pretende não só “dotar as empresas com recursos para trabalharem a material da multiplicidade LGBTI+ internamente”, porquê também ajudar essas mesmas empresas “a dirigir-se melhor aos seus clientes”, uma vez que são todas empresas que trabalham para o consumidor final e “os seus clientes refletem a estrutura da sociedade e, portanto, também têm clientes LGBTI+”.
Segundo o responsável, as pessoas que fazem secção da comunidade LGBTI ou são simpatizantes e estão muito atentas ao que as empresas fazem hoje em dia e se uma empresa não incorporar essa multiplicidade, seja interna ou externamente, ela “vai claramente transmitir a teoria de que os seus valores corporativos não integram de forma genuína a multiplicidade”.
“E os consumidores, os clientes, vão penalizar essas empresas”, alertou, defendendo que agora era o momento de seguir na geração de uma associação deste género e as empresas demonstrarem a sua adesão a estes valores.
João Resende adiantou que a associação faz formação dirigida em vários níveis: órgãos de governo e direções intermédias, departamentos de recursos humanos e equipas de informação.
“Ajudamos a preparar essas equipas com os argumentos, com dados, para que possam elas próprias dentro da sua organização trabalhar a temática em mercê naturalmente da empresa e, acreditamos nós, da sociedade, dos clientes e de todos”, defendeu.
O jurisperito lembrou que as estimativas apontam para que pelo menos 10% da população faça secção da comunidade LGBTI (Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo). No entanto, “qualquer pessoa (…) facilmente conclui que não conhece 10% das pessoas de uma determinada empresa que pertencem ao coletivo”.
“Isso significa que as pessoas não vivem a sua orientação ou identidade sexual de forma livre e espontânea e isso tem um impacto, que é as pessoas gastam virilidade a esconder a sua vida pessoal (…) e acabam por ser menos dedicadas àquilo que é a sua função dentro da empresa, menos produtivas, menos eficientes, menos engajadas, menos dedicadas, menos enturmadas com a empresa”, apontou.
Entendeu, por isso, que “ajudar as empresas a fabricar um envolvente inclusivo e diverso que permita que essas pessoas vivam a sua vida e a sua forma de estar de forma proveniente é vantagoso para as empresas”.
João Resende disse que a REDI Portugal começou com 24 empresas, no momento da sua instauração, e pretérito um mês já são muro de 30, de várias dimensões e setores, desde serviços, retalho, escritórios de advogados ou gabinetes de arquitetura, e que qualquer empresa pode contactar a associação e pedir para aderir.
Referiu que a REDI Espanha começou com uma dezena de empresas e atualmente tem mais de 300. “Todas as semanas há empresas que se manifestam interesse em juntar-se ao projeto”, admitindo que o mesmo possa suceder em Portugal.
O presidente da REDI Portugal salientou também que o facto de o foco estar na multiplicidade LGBTI+, isso não significa que outras diversidades não sejam importantes, apontando que “a experiência e os dados mostram que as empresas que trabalham em multiplicidade, seja qual for, trabalham melhor todas as diversidades”.
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