
Depois de ter conversado com a prensa na chegada ao tribunal para a terceira sessão do julgamento que envolve os músicos da filarmónica Anjos, Nélson e Sérgio Rosado, e Joana Marques, Ricardo Araújo Pereira voltou a falar aos jornalistas no momento em que terminou o seu testemunho perante o juiz.
O humorista testemunhou esta segunda-feira, 30 de junho, em resguardo da humorista.
“A Joana não tem responsabilidade nenhuma sobre as pessoas que vão pôr comentários desagradáveis sobre os Anjos, que pelos vistos fizeram ameaças de morte. […] A tradução que outras pessoas fazem do que dizemos não é controlada por nós”, defendeu.
De congraçamento com os jornalistas presentes no sítio, a advogada dos Anjos pediu, “várias vezes”, a Ricardo Araújo Pereira para que fizesse a sua tradução dos comentários e prejuízos sofridos pelos Anjos.
Convidado a repetir o que disse perante o juiz, o comediante da SIC afirmou: “A Joana não é responsável pela maneira uma vez que as pessoas interpretam o que ela diz, pelo que decidem fazer por ela ter dito o que disse, quando o que ela diz não é ilícito. Se ela tivesse dito, vamos a lar deles matá-los porque esta tradução do hino vernáculo merece que eles fiquem sem a cabeça, isso era uma enunciação ilícita e era procedente que portanto o tribunal a punisse”.
Ricardo Araújo Pereira mostrou-se ainda revoltado com o facto de os Anjos terem um documento que comprova os problemas técnicos que tiveram quando cantaram o hino vernáculo numa prova do MotoGP, em Portimão. Momento que serviu de base para a piada de Joana Marques que agora é discutida em tribunal. Ainda que tenham esse documento, os músicos não avançaram com um processo contra a referida empresa, decisão que desculpa estranheza ao humorista.
“Se alguém prejudicar objetivamente o trabalho dos Anjos, é-lhes indiferente, se alguém os ameaçar de morte eles não ligam, se se rirem deles eles querem um milhão de euros”, referiu.
Recorde-se que na origem deste processo está precisamente um vídeo no qual Joana Marques brincava com a atuação dos cantores na referida prova do MotoGP, em Portimão. As imagens parodiavam os problemas técnicos que Nélson e Sérgio Rosado enfrentaram ao cantarem o hino vernáculo, facto que os deixou profundamente indignados.
Ricardo Araújo Pereira descredibilizado em tribunal?
Ricardo Araújo Pereira terá ouvido da advogada dos Anjos que nem mesmo em tribunal e durante o seu testemunho “desmobilizou a sua personagem humorística”.
“Tenho a sensação que ela pretendia ofender-me. Vou esperar 10 minutos, se tiver um ataque de acne é verosímil que a processe. Vamos ver…”, brincou ao comentar em declarações à SIC Notícias as palavras da advogada.
Quanto ao facto de ter sido alegadamente descredibilizado pelos advogados de denúncia, não teve dúvidas em reagir: “Sou humorista descredibilizado já eu venho. Não sou engenheiro, não sou ministro”.
Terá existido uma tentativa de descredibilizar o testemunho do humorista pelo facto de levante ter brincado com o processo em vários espaços públicos nos quais tem rubricas e tempo de antena.
“Só não fiz pouco deste processo em mais sítios porque não tive oportunidade”, atirou.
Quando às suas supostas declarações no Podcast ’45 Graus’, usadas pela resguardo dos Anjos, Ricardo Araújo Pereira considerou que estas podem ter sido retiradas de contexto.
“Não me lembro dessas declarações e duvido muito que as minhas declarações tenham o sentido que aquela citação parecia indicar”, defendeu-se.
O que faria se tivesse sido Ricardo Araújo Pereira o responsável da piada? Quiseram saber os advogados
Durante a sessão em tribunal, Ricardo Araújo Pereira foi ainda questionado pelos advogados sobre uma vez que reagiria caso fosse ele o responsável da piada de Joana Marques e os visados, no caso os Anjos, lhe pedissem que a retirasse das redes sociais.
“Eu disse que faria o mesmo que a Joana fez. Retirar o vídeo seria consentir uma culpa que não existe, e seria furar um precedente bastante grave que, basicamente, torna o trabalho impossível de fazer”, explicou.
Sobre a hipótese de Joana Marques vir a ser condenada em tribunal, o humorista não tem dúvidas de que esta decisão seria “uma catástrofe”.
“Seria uma catástrofe não exclusivamente para quem tem a nossa profissão, mas para qualquer cidadão em universal. Porque isso faz com que as pessoas percebem que fazer uma critica é ilícito”, completou.
Ainda no discurso desta terceira sessão do processo que envolve Joana Marques e os músicos Anjos, está hoje em tribunal Fernando Alvim. O humorista deverá ser ouvido ainda esta segunda-feira.
Também Joana Marques, de congraçamento com a SIC Notícias, “manifestou vontade de falar”, alguma coisa que não aconteceu nas duas anteriores sessões, e poderá prestar a sua versão sobre os factos.
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