Quando pensamos em burnout, é generalidade associá-lo a longas jornadas de trabalho, prazos apertados e uma fardo mental excessiva. E, de facto, essas são as causas frequentes. Mas o esgotamento nem sempre vem de fontes tão óbvias de stress.

Muitas vezes, são pequenos hábitos do dia-a-dia, realizados no ‘piloto automático’, que silenciosamente consomem a nossa virilidade. À primeira vista, podem parecer inofensivos, mas com o tempo revelam-se altamente desgastantes e contraproducentes.

Conheça os três hábitos que drenam a sua virilidade sem que se aperceba:

Atenção dispersa

Com uma série de notificações, listas de tarefas e dezenas de abas abertas no navegador, não é incomum sentir que nunca está totalmente focado numa única coisa.

Embora ser multitarefas pareça alguma coisa produtivo, as pesquisas apontam o contrário. Um estudo publicado na Developmental Review, uma revista científica especializada em psicologia e neurociência, analisou o cérebro em desenvolvimento em contextos de multitarefas. Os pesquisadores descobriram que as pessoas que se envolvem intensamente em múltiplas tarefas tendem a ter um desempenho subalterno nas actividades que exigem atenção.

Embora sinta vontade de dar conta de tudo ao mesmo tempo, há um dispêndio oculto nisso. Intervalar incessantemente entre tarefas dilui a sua atenção, o que pode deixar tudo pela metade e drenar a sua virilidade mais do que imagina. O verdadeiro poder está no foco propositado. Dar atenção completa a uma tarefa por vez melhora o desempenho e fortalece a sua capacidade de viver o presente.

Muitas vezes, são pequenos hábitos do dia-a-dia, realizados no ‘piloto automático’, que silenciosamente consomem a nossa virilidade. À primeira vista, podem parecer inofensivos, mas com o tempo revelam-se altamente desgastantes e contraproducentes

Fadiga de decisão por escolhas triviais

Outro hábito que pode estar a consumir a sua virilidade sem que se aperceba são as incontáveis microdecisões que tomamos ao longo do dia. Na tentativa de sempre fazer a melhor escolha, acabamos por gastar recursos mentais valiosos com questões relativamente banais.

Por exemplo: escolher o que vestir pela manhã ou gastar cinco minutos a sentenciar que “playlist” ouvir enquanto trabalha. Quando somadas, estas pequenas decisões consomem uma secção significativa da sua virilidade mental, que poderia ser usada em tarefas mais importantes.

Esta aglomeração leva ao que pesquisadores chamam de “fadiga de decisão”. Um estudo publicado no Journal of Health Psychology, revista científica especializada em psicologia da saúde, mostra que todas as decisões, por menores que sejam, consomem um reservatório restringido de recursos mentais.

A performance do bem-estar

É generalidade confundir rotinas de bem-estar com autocuidado genuíno. Muitas pessoas meditam, escrevem em diários ou comem de forma saudável unicamente porque isso parece bonito ou para marcar na “checklist”— muitas vezes, de forma inconsciente.

As redes sociais reforçam essa teoria ao mostrar hábitos de autocuidado perfeitos e esteticamente impecáveis, tornando mais fácil priorizar a aspecto em vez da autenticidade, o que se torna num problema quando o foco passa a ser a validação externa, e não as reais necessidades emocionais e mentais.

Com uma série de notificações, listas de tarefas e dezenas de abas abertas no navegador, não é incomum sentir que nunca está totalmente focado numa única coisa

Se o autocuidado se tornou numa obrigação na sua rotina e está a causar-lhe mais stress do que consolação, talvez esteja recluso à teoria de “performar” o bem-estar, em vez de escolher práticas que realmente façam sentido para a sua vida e veras.

É precípuo entender que o que funciona porquê autocuidado para uma pessoa pode não funcionar para outra. O objectivo não é seguir uma rotina idealizada, mas sim estribar verdadeiramente o seu bem-estar.

Manancial: Forbes Brasil