
Um total de 168 trabalhadores da Simbi Mining Services, empresa subcontratada pela indiana Vulcan, que explora a gigantesca mina de carvão a céu aberto no distrito de Moatize, na província de Tete, na região Centro de Moçambique, estão em greve desde segunda-feira (28), em reivindicação ao pagamento de três meses de salário em atraso.
De acordo com uma publicação do jornal O País, trata-se de pagamentos referentes aos meses de Fevereiro, Março e Abril, sendo que esta é a segunda vez que os trabalhadores entram em greve por questões salariais.
“A empresa havia prometido fazer os pagamentos no mês passado, mas isso não aconteceu e não houve nenhuma explicação. A greve só terminará quando a dívida for paga”, afirmaram as fontes citadas por aquele órgão de comunicação.
No ano passado, o Tribunal Administrativo provincial de Tete determinou que a empresa mineira Vulcan Moçambique suspendesse todas as actividades de extracção de carvão mineral nas secções 4 e 6 da sua exploração. A decisão foi motivada por um processo interposto pela Associação dos Direitos Humanos de Tete, que acusou a multinacional de causar poluição ambiental com impacto negativo nas comunidades circunvizinhas.
Segundo o acórdão do tribunal, ficou provado que a Vulcan não implementou medidas adequadas para mitigar a emissão de poeiras provenientes da extracção de carvão, prejudicando o meio ambiente e as populações residentes em sete bairros próximos às minas. A decisão sublinhou que as actividades da empresa violam os padrões ambientais necessários para proteger as comunidades.
Além da suspensão imediata, a Vulcan foi intimada a adoptar medidas eficazes para reduzir os níveis de poluição. O tribunal especificou que estas acções devem priorizar a segurança e o bem-estar das populações afectadas, prevenindo novos impactos negativos no meio ambiente.
A Vulcan opera numa área de 250 quilómetros quadrados em Moatize, sendo a comunidade mais próxima das minas localizada a, pelo menos, 350 metros da zona de exploração. A empresa pertence ao grupo indiano Jindal, cujo valor de mercado ronda os 18 mil milhões de dólares. (1,1 bilião de meticais), e já operava a mina de Chirodzi, também na província de Tete.
Em Abril de 2022, a Vulcan adquiriu à brasileira Vale as operações mineiras em Moçambique, num negócio avaliado em mais de 270 milhões de dólares (17 mil milhões de meticais). Desde então, tem produzido, em média, 35 milhões de toneladas de carvão por ano e previa, até 2024, atingir entre 50 e 52 milhões de toneladas anuais, posicionando-se entre os maiores produtores mundiais do sector.
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