Le Mans? O objetivo é marchar na frente

Atualmente a competir nos Estados Unidos da América, Filipe Albuquerque volta levante termo de semana às corridas na Europa – e logo nas míticas 24 Horas de Le Mans.
 
O piloto, oriundo de Coimbra, integra os esforços da Cadillac WTR (Wayne Taylor Racing), que tem uma participação esporádica nesta prova do Mundial de Resistência (WEC). Os seus colegas serão Jordan e Ricky Taylor.
O Auto ao Minuto falou com Albuquerque numa entrevista exclusiva, na qual antecipamos não só a participação em Le Mans, porquê também abordamos a estação atual até ao momento, entre outras temáticas.
No IMSA, primeiro pódio da estação em Detroit. Qual o balanço depois cinco rondas?
O balanço é duro. Não vou expor que não é positivo, mas também não é negativo. Porquê? Inserido nesta equipa, que é a Cadillac, e a anseio que eles têm, a equipa onde estou e a minha maneira de estar nas corridas é para lucrar. Mas o que é perceptível é que a transição para um sege novo foi muito mais difícil do que nós estávamos à espera. E, portanto, as primeiras quatro corridas do ano foram muito além das expectativas e dos resultados a que nós nos tínhamos proposto. Mas, o que é perceptível, é que a cada corrida percebemos bastante sobre o sege e fizemos progressos e melhorias. Sendo que sabíamos que era uma questão de tempo, de paciência e de trabalho difícil para melhorar o sege. E isso foi mesmo o que aconteceu, porque à quinta corrida tivemos um pódio. A vitória escapou-nos das mãos simplesmente nas últimas três voltas, porque estávamos em primeiro. Correu-nos muito, o curso estava muito mais competitivo.
E isso é a secção positiva: trabalhámos, mantivemo-nos unidos entre nós, equipa, e fizemos progressos no sege. E, quando assim é, às vezes não temos de temer que as coisas sejam difíceis e se tornem um pouco mais difíceis por vezes. Eu paladar sempre de ver o copo meio pleno, que é: encontrámos o estabilidade do sege e espero, agora, continuar a ser competitivo para o resto do ano.
Depois de três vice-campeonatos consecutivos, desde o ano pretérito que os resultados não têm sido tão bons – em 2024 só fizeram dois pódios. É também um revérbero da competitividade crescente do campeonato nesta novidade era?
Sim, sim. Acho que podemos também expor isso. No ano pretérito tivemos alguns azares; o curso estava lá. Nomeadamente na última corrida do ano – em que, logo que passámos para primeiro quando faltava uma hora e meia para findar, estávamos muito na calha para fazer mais um pódio. E o que é perceptível é que um acidente, sege vencido, sem luzes, à noite, não conseguimos evitar um acidente. Tivemos qualquer contratempo no ano pretérito e levante ano foi uma mudança.
Mas, sim, o campeonato está cada vez mais competitivo, cada vez há mais carros, e portanto, também temos de respeitar essa competitividade e ser um bocadinho humildes em não querer lucrar todas, ou ir ao pódio em quase todas as corridas. Sendo que a Porsche tem feito um ano cintilante e perfeito até agora.
Quatro anos de Acura, levante ano volta a um Cadillac que encontrou no pretérito numa versão muito dissemelhante. Quais são as impressões sobre levante sege de 2025?
Bom, muito, muito dissemelhante. Diria mesmo que, em alguns aspetos, é o oposto do Acura. E, depois, também tem a ver com a evolução que a Cadillac trouxe para levante ano. Os construtores podem evoluir de ano a ano e a Cadillac trouxe uma evolução que eles também não conheciam tão muito. E, portanto, demorou tempo a apurar os parâmetros de afinação que nós temos. Isso tornou a nossa vida mais difícil. Mas, lá está, trabalho difícil, mantemo-nos todos unidos, e conseguimos fazer a diferença.
O IMSA e o WEC são, ambos, campeonatos de resistência. O sege em que estará em Le Mans é o mesmo, embora numa equipa dissemelhante. Explique-nos: quais são as diferenças entre os campeonatos? E, duração da corrida aparte, tem de ‘mudar o chip’ para Le Mans?
O IMSA já é competitivo; Le Mans vai ser ainda mais competitivo. Vão ser mais de 20 carros a decorrer à universal, todos eles com muito bons pilotos, muita experiência. É uma corrida particularmente difícil. Vamos ver porquê está o tempo para a corrida. Mas, lá está: acho que toda a gente quer lucrar e vai ser interessante ver quem é que, ao mesmo tempo, vai pensar sempre no longo prazo. Ou seja, temos de findar a corrida para podermos lucrar. Por vezes, há pilotos e equipas que forçam tanto numa período inicial que acabam por ter problemas bastante cedo.
É verosímil, de alguma forma, delinear uma estratégia sólida numa prova que tem tanto de gestão ao nível de pneus, combustível, ritmo, fadiga, imprevistos, chuva… É verosímil delinear uma estratégia?
É verosímil, e toda a gente vai ter uma estratégia de corrida. E, depois, é simples que há pilotos que arriscam demais e têm problemas e cometem erros. Há outros carros que têm azares. A prova em si já é muito difícil, a pista é muito longa, e azares acontecem. É uma sobrevivência durante as 24 horas, a ver quem consegue manter aquele ritmo tão eminente sem que haja um acidente ou um erro humano.
Porquê é que um piloto se prepara, ao nível físico e mental, para uma corrida tão longa e exigente?
A preparação acaba por ser sempre a mesma porque, ao termo e ao cabo, vamos conduzir sempre um sege. Le Mans em si até acaba por ser mais fácil fisicamente porque há muitas retas. Mas, mentalmente, é difícil. A pressão se calhar também é mais subida do que nas outras corridas. Mas, ao termo e ao cabo, a mentalidade é lucrar a corrida, querer lucrar. Nós queremos lucrar todas as corridas e a preparação é sempre a mesma. Se não fosse, teríamos de expor que não estávamos a preparar tão muito as outras.
Numa prova de 24 horas pilota-se de dia, de noite, ao amanhecer, entardecer, anoitecer… Explique-nos, porquê é mourejar com tantas mudanças de condições numa só corrida?
Quando é a sequioso, eu acho que já estou habituado e paladar da secção da noite. É muito interessante. Eu acho que o que acaba por ser mais difícil é quando começa a molinhar e não conseguimos ver muito a diferença durante a noite, estamos com pneus ‘slick’ e acordamos às 03h00 e a pista está molhada mas não sabemos muito onde. E, noutros sítios, está seca. Portanto, por vezes somos surpreendidos com uma pista molhada quando estávamos à espera de uma pista seca. E ler essa pista, sentir essa aderência e a diferença é muito, muito difícil. Mas é aquilo que estávamos a falar há pouco: a sobrevivência no limite. Por vezes cometemos erros, mas, ao mesmo tempo, isso faz os heróis.

Le Mans está num rebuliço por estes dias. Chega a semana que leva às 24 Horas de Le Mans, uma das provas mais lendárias do automobilismo. Cá, explicamos um pouco melhor levante evento.
Notícias ao Minuto | 15:19 – 09/06/2025

Falava de erros, e inevitavelmente o ser humano é mais propenso a erros quando há cansaço. Porquê é gerir o folga dentro do termo de semana da corrida? Consegue-se, de facto, dormir e repousar quando se está fora do sege?
Sim, eu consigo disciplinar-me muito. Durmo muito durante a corrida, e isso para mim é importantíssimo. Porque os primeiros dois turnos – ou seja, as primeiras seis horas – que nós fazemos, diria que até são relativamente fáceis porque ainda estamos frescos.
Na verdade, não são 24 horas, porque nós acordamos às 08h00 de sábado e a corrida só acaba às 16h00 no domingo. E, portanto, são muito mais do que 24 horas. Eu paladar de dormir a seguir a cada vez que faço – paladar de manducar, dormir, e é só isso que faço: porquê, durmo e volto a marchar. Não faço mais zero. Porque é a dormir que consigo restaurar as minhas energias.
Já acumula 11 participações em Le Mans. O volta ainda tem segredos e surpresas para si?
Sem incerteza. Le Mans é uma corrida única e, porquê é citadina, a pista muda todos os anos. Há sempre alguma diferença no asfalto de ano para ano, há melhorias por secção do campeonato. Os corretores são diferentes. E, portanto, saber exatamente esses pontos de aderência da pista… é simples que a maior secção já estão gravados na cabeça, mas há sempre alguma coisa a aprender.
Sétimo lugar em 2024, terceiro em 2023. A Cadillac tem sido competitiva em Le Mans nos anos recentes. Levante ano, a marca já chegou ao top cinco na última ronda. Quais crê serem as suas possibilidades para esta prova – o pódio parece-lhe verosímil?
Bom, acho que sim, acho que o pódio é verosímil. Mas eu acho que vamos poder falar com quase toda a gente, todos os construtores que estão em Le Mans, e todos eles vão expor a mesma coisa, que é: o objetivo é lucrar. Eu acho que é fácil expor isso, mas é simples que só três vamos ver.
Eu acho que, primeiro, temos de ver o curso de toda a gente. A Cadillac ficou em quinto na última corrida, portanto é um sege competitivo. O nosso objetivo é, claramente, marchar na frente. Mas é simples que nem sempre é porquê esperamos.
Porquê estamos numa equipa que está em Le Mans pela primeira vez, completamente americana, não temos feito o Campeonato do Mundo – entrámos por letreiro. Eu acho que, ao mesmo tempo, temos de fazer o nosso trabalho, fazê-lo muito. E eu acho que nós, ao fazermos esse trabalho e concentrando-nos em nós, vamos ser competitivos. E, depois, vamos ver onde vamos estar. Mas acho que é fácil tanto estar entre os cinco primeiros – e quem está nos cinco primeiros está facilmente a lutar pela vitória – porquê é verosímil estar fora dos dez primeiros. E sou muito vago, mas o que é perceptível é que o campeonato está muito competitivo.
O campeonato está muito competitivo, mas a Ferrari está a dominar até agora – venceu todas as corridas deste ano e também ganhou em Le Mans nas últimas duas épocas. É o ‘cândido a debilitar’ simples?
Sim, sem incerteza. A Ferrari, se calhar, é a favorita. Ganhou as últimas edições e as últimas corridas. E, portanto, eles têm trilhado muito muito. Mas acho que chegamos agora cá a Le Mans e há um ‘reset’ de andamentos – até porque há o ‘Balance of Performance’, que é o estabilidade da ‘performance’ de toda a gente. E, portanto, vamos ver porquê vai ser. Eu duvido que eles não vão ter tanta vantagem porquê tiveram até agora. Temos de esperar para ver.
Também temos em prova Bernardo Sousa nos LMGT3, António Félix da Costa nos LMP2. O que espera dos seus – nossos – compatriotas?
Bom, acho que o perfeito para Portugal seria lucrar todas as categorias, que é verosímil. O Bernardo está numa equipa muito, muito boa, muito competitiva, também ambiciona lucrar. O António já ganhou Le Mans também e a equipa dele também é muito boa. Mas, volto a expor: não adianta, e falo para todos. Muitas das vezes temos carros super rápidos, mas que não acabam por problemas, por erros… Nem sempre ganha o sege mais rápido. Portanto, eu acho que temos capacidade individual para lucrar, mas a prova é madrasta.
Esta é uma participação esporádica no WEC – um campeonato onde já foi feliz. Visa um revinda a tempo inteiro no porvir?
Gostava, gostava. Mas a oportunidade tem de surgir. Estou muito contente a fazer o campeonato americano. Vamos ver o que o porvir nos suplente.
Estamos em Portugal, um país onde o desporto motorizado não tem tanta sentença. Sente que ainda é dada pouca atenção do público aos portugueses no automobilismo?
Acho que há um público muito sequaz do desporto veículo, mas é pequeno comparado com a dimensão do futebol. Não nos podemos olvidar também que Portugal tem o Rali de Portugal – que atraiu milhões de pessoas a verem as especiais que houve no setentrião e núcleo do país. Isso moveu muitas pessoas e, portanto, há paixão pelo desporto veículo.
E acho que há muita gente que vê também a resistência, também há muita gente que vê a Fórmula 1. Acabamos por ser um país pequeno, não conseguimos ter alguém na Fórmula 1. Há essa paixão, mas se calhar também alguma culpa dos ‘media’ ao não falarem tanto, pelo menos, nos portugueses nas provas lá fora.
O que sentiu por ver o Rali de Portugal a visitar a sua cidade, Coimbra?
Adoro, adoro, e simples que fico muito feliz. Acho que o melhor panegíricio que posso ter é, exatamente, estrangeiros dizerem… Uma vez conheci uma pessoa, perguntou-me de onde eu era e eu disse Coimbra. E, ‘ah, sei perfeitamente’. ‘Sabes onde é Coimbra?’. ‘Sei perfeitamente’. E ele começou a expor as terriolas onde passava o Rali de Portugal há muitos anos, que era divulgado porquê o melhor rali do Campeonato do Mundo WRC. Voltar a viver o Rali de Portugal naquela zona, e em Coimbra que é a minha cidade, é espetacular. Adoro. Infelizmente, muitas vezes não tenho estado disponível nessa data por corridas. Mas ver também a quantidade de amigos que se unem para irem ver o rali na região núcleo, é bonito.
Leia Também: Filipe Albuquerque nas 24h de Le Mans com equipa norte-americana

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