
O ministro da Quinta, Fernando Haddad, criticou francamente o protótipo econômico liberal adotado pelo presidente prateado Javier Milei. Em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira (27), Haddad afirmou que empresários brasileiros que exaltam as políticas do país vizinho ignoram o impacto social das medidas implementadas.“Vejo muito empresário tutorar o Milei. Geralmente, é alguém que não conhece a periferia de Buenos Aires”, afirmou. “Cinquenta, sessenta por cento da população vive inferior da risca da pobreza. E com o câmbio sobrevalorizado, problemas virão em breve. Se não fosse o Fundo Monetário Internacional (FMI), a situação já teria se deteriorado”, completou.Haddad disse que o Brasil não precisa adotar medidas drásticas porquê as promovidas por Milei, que têm incluído cortes severos nos gastos públicos e redução do Estado. Embora esses ajustes tenham reduzido a inflação e estimulado investimentos, o ministro brasiliano defendeu uma trajetória mais cautelosa.“Não precisamos de zero disso. Podemos e devemos seguir com ajustes graduais, semestre a semestre, porquê temos feito. Corrigindo rubricas, melhorando indicadores. Assim, em 2027, não teremos uma nuvem sombria pairando sobre o país”, disse.Em meio às dificuldades para prosseguir com sua agenda fiscal, Haddad mencionou que o Ministério da Quinta analisa uma proposta solicitada por líderes do Congresso para um verosímil ajuste linear nos benefícios, com preservação das isenções previstas na Constituição.O ministro reforçou ainda a premência de reaproximação entre o Executivo e o Legislativo para viabilizar as reformas necessárias. Ele sugeriu a geração de uma mesa de diálogo com representantes do governo e da oposição para discutir os gastos públicos.Apesar do tom conciliador, Haddad tem insistido em mostrar que o Congresso favorece o “marchar de cima”, enquanto o governo tenta proteger os mais pobres nas negociações de ajuste fiscal.