
A Associação de Mukheristas em Moçambique (que reúne importadores informais) denunciou, esta terça-feira (6), a crescente dificuldade no aproximação a moeda estrangeira através dos bancos comerciais, afirmando que os seus associados estão a recorrer ao mercado paralelo para prometer as operações de importação, sobretudo de produtos alimentares provenientes da África do Sul.
“Nos bancos comerciais, onde nós temos as nossas contas, aconselham-nos a fazer reservas com antecedência. Mas, mesmo assim, não conseguimos aproximação às divisas. O nosso único recurso é o mercado paralelo, embora seja muito mais custoso”, afirmou Sedukar Romance, presidente da associação, que representa muro de 1540 importadores informais, maioritariamente dedicados ao provimento de mercados grossistas.
De conciliação com o responsável, o preço do rand pode chegar a 4,20 meticais no mercado paralelo, contra os 3,5 meticais praticados oficialmente nos bancos, o que representa um dispêndio acrescido que, segundo o responsável, acaba por ser reflectido nos preços finais ao consumidor.a d v e r t i s e m e n t
“A obtenção de divisas nunca foi fácil, mas nos últimos cinco anos tornou-se praticamente impossível. Dependemos delas para trabalhar, e a sua escassez é um grande constrangimento”, alertou o dirigente associativo, acrescentando que os atrasos ou a impossibilidade de aquiescer à moeda estrangeira têm um impacto directo na regularidade do provimento e nos preços dos produtos nos mercados.
A Associação dos Mukheristas tem mantido encontros com o Banco de Moçambique para discutir a regularização das operações dos importadores informais, nomeadamente o uso lícito de divisas. Segundo Romance, o banco medial defende o termo da circulação de moeda estrangeira fora do sistema bancário e exige que todas as compras sejam feitas através da carteira mercantil.
“O Banco de Moçambique alega que a medida serve para controlar o branqueamento de capitais. No entanto, o mercado paralelo continua a ser a única via funcional para aquiescer às divisas de que precisamos para importar”, referiu.
O dirigente criticou ainda o que considera ser uma tentativa de convergência da diligência mercantil por segmento das autoridades monetárias: “Se nos obrigam a comprar moeda nos bancos, que não têm divisas, portanto parece que querem substituir-se a nós. É uma vez que se nos estivessem a repuxar para fora da diligência, para que outros façam as importações por nós.”
Segundo a associação, o mercado paralelo disponibiliza, em certos casos, milhões de dólares sem entraves, contrastando com a escassez nos canais formais. “Se eu saio agora para o mercado preto e peço dez milhões de dólares, consigo. Isto diz muito sobre quem tem, de facto, controlo das divisas neste País.”
Além do câmbio, os importadores informais queixam-se também de altos encargos fiscais, e defendem o fortalecimento da produção interna uma vez que forma de reduzir a obediência externa, estabilizar preços e prometer o provimento.
Entretanto, o Banco de Moçambique anunciou recentemente um pacote de medidas para aumentar a disponibilidade de divisas, incluindo a flexibilização da gestão cambial pelos bancos comerciais e o aumento da percentagem de conversão obrigatória das receitas de exportação de 30% para 50%, por um período de 18 meses. Medidas complementares prevêem também reduções nas provisões mínimas sobre crédito vencido, de forma a estimular o financiamento à economia.
Apesar destas iniciativas, os operadores do sector informal dizem que as soluções ainda não chegaram a quem depende diariamente da conversão cambial para prometer o provimento dos mercados moçambicanos.
Natividade: Lusaa d v e r t i s e m e n t