Pilares Para o Futuro da Banca Moçambicana • Diário Económico

a d v e r t i s e m e n tA I Edição do Fórum Bancário reuniu líderes e especialistas do sector financeiro para debater os desafios e oportunidades da indústria. Para Iuri Khan, director de compliance do Absa Bank Moçambique, o evento marcou “um ponto de viragem” na forma como os bancos devem encarar o futuro.

O Fórum Bancário representa uma nova plataforma estratégica para repensar colectivamente o sistema financeiro moçambicano. Entre os principais tópicos em destaque, a transformação digital foi apontada como um “imperativo nacional”, essencial para a inclusão financeira, modernização do sector e resposta eficaz às exigências do mercado.

Iuri Khan reforça que o Absa pretende assumir o papel de catalisador no ecossistema financeiro, promovendo a partilha de conhecimento e fomentando parcerias que fortaleçam o sistema bancário moçambicano. A visão passa por uma banca mais aberta à cooperação entre si, capaz de ultrapassar a lógica da concorrência em áreas críticas como tecnologia e infra-estrutura de dados.a d v e r t i s e m e n t

Num sector cada vez mais orientado pela necessidade de mais e melhor informação, a qualidade dos dados e a cibersegurança emergem como prioridades. Para o director de compliance do Absa Bank Moçambique, a aposta recai numa abordagem pró-activa de compliance, com investimentos na capacitação de equipas, protecção de dados e alinhamento com os mais elevados padrões internacionais, e a expectativa é que o Fórum cresça nas próximas edições, consolidando-se como uma referência de inovação e debate estratégico em Moçambique.

O “Fórum Bancário: Transformação, Crescimento e Controlo” reuniu especialistas e líderes do sector financeiro para debater temas estratégicos do sector. Que balanço faz desta primeira edição?

De uma forma geral, a avaliação que fazemos é claramente positiva. Esta iniciativa revelou-se uma oportunidade indiscutivelmente relevante para promover o debate aberto e construtivo em torno das múltiplas questões que desafiam o sector financeiro, num contexto marcado por constantes mudanças macroeconómicas, exigências regulatórias crescentes e uma rápida evolução tecnológica.

Entre as principais conclusões extraídas deste encontro, destaca-se a aposta contínua na transformação digital dos serviços financeiros, que constitui, hoje, um verdadeiro imperativo nacional, representando um activo estratégico para impulsionar a modernização e o desenvolvimento sustentado das instituições de crédito que operam no País. Para além de responder às exigências do mercado, a digitalização desempenha um papel essencial na inclusão financeira e na optimização dos serviços prestados aos clientes.

“É chegada a hora de repensar a banca, abandonando uma visão puramente concorrencial e adoptando uma perspectiva mais colaborativa”

Por outro lado, foi sublinhada a necessidade premente de um investimento decidido e consistente na qualidade de dados. Num sector cada vez mais orientado por informação, a gestão eficiente, segura e transparente dos dados assume um papel central, sendo determinante para a competitividade, resiliência e sustentabilidade das instituições financeiras.

A transformação do sector bancário em Moçambique exige, inevitavelmente, colaboração entre os diversos players.

O que levou o Absa a apostar neste fórum que contou com a participação dos maiores bancos?

Acreditamos que a partilha de conhecimento e a colaboração entre todos são fundamentais para o crescimento sustentável do sector financeiro. Este fórum surgiu para estabelecer um diálogo contínuo entre bancos, reguladores, especialistas em finanças, clientes e demais stakeholders, criando um espaço de reflexão e construção conjunta. Mais do que impulsionar mudanças, queremos fomentar parcerias e abrir caminho para iniciativas que fortaleçam o mercado financeiro moçambicano. A longo prazo, o objectivo é consolidar este fórum como um ponto de referência estratégico, promovendo soluções inovadoras que tornem o sector bancário mais sólido, inclusivo e sustentável.

Um dos temas centrais foi a necessidade de colaboração entre instituições para fortalecer o sistema bancário. Qual é a sua visão sobre esta cooperação e que obstáculos devem ser superados?

A colaboração é um elemento fundamental em qualquer ramo ou sector de actividade, e na indústria financeira não poderia ser diferente. Enquanto actor relevante do sistema financeiro nacional, consideramos que a cooperação institucional é peça-chave para a edificação de um sector sólido, resiliente e capaz de responder eficazmente às exigências do mercado.

É chegada a hora de repensar a banca, abandonando uma visão puramente concorrencial e adoptando uma perspectiva mais colaborativa. Impõe-se, por isso, reflectir seriamente sobre a possibilidade de criação de uma plataforma conjunta, onde os bancos possam alinhar esforços, partilhar investimentos e optimizar custos, especialmente no que respeita à importação e implementação de novas soluções tecnológicas no mercado. Quanto à concorrência, creio que ficou claro ao longo desta conferência de que há consenso entre todos, que os bancos podem e devem competir em áreas como preços, qualidade de serviço, proximidade e relacionamento com o cliente. Contudo, quando se trata de soluções que visem tornar a nossa actividade mais eficiente, menos onerosa e sustentável, é essencial que deixemos de lado a lógica competitiva. A colaboração entre as instituições é imprescindível, devendo este princípio ser colocado no topo das prioridades de todos os actores, em consonância com as exigências do mercado. Acreditamos que a Associação Moçambicana de Bancos irá desempenhar um papel central neste processo de crescimento na cooperação.

Quais são hoje os maiores desafios para garantir um sector financeiro transparente e seguro no País?

Enquanto sector, creio que, ao longo dos anos, temos dado passos significativos e caminhado de forma decisiva para tornar o sistema financeiro cada vez mais transparente, apesar dos desafios que enfrentamos, muitos deles resultantes de factores meramente conjunturais. Parece-me fundamental que, enquanto sector, continuemos a cumprir rigorosamente as normas emanadas pelo regulador – o Banco de Moçambique. É igualmente crucial que a prestação de contas permaneça uma prática constante; que a partilha de informação com o mercado e com os clientes continue a ser uma regra; que a realização regular de auditorias seja reforçada; e que o aprimoramento das questões ligadas à cibersegurança se mantenha como uma prioridade máxima. Estes são, na minha opinião, pilares essenciais com os quais as instituições financeiras devem permanecer firmemente comprometidas. Destaco, ainda, o movimento positivo e digno de reconhecimento que os bancos comerciais têm protagonizado no sentido de reforçar a transparência do sector. São disso exemplo os esforços dedicados ao combate a crimes de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, uma agenda que se encontra plenamente alinhada com as iniciativas conduzidas pelo Gabinete de Informação Financeira de Moçambique, visando retirar o País da chamada “lista cinzenta.”

Como é que  transformação digital impacta a área de compliance?

A digitalização do sistema financeiro não é apenas uma tendência, mas sim um imperativo nacional. Ela desempenha um papel crucial na construção de um sector mais inclusivo, seguro e sustentável, garantindo que as instituições financeiras estejam preparadas para enfrentar desafios regulatórios cada vez mais exigentes.

Ao nível do Absa temos adoptado uma abordagem pró-activa e estratégica na conformidade regulatória, reforçando continuamente as nossas práticas de compliance, protecção de dados e cibersegurança. Estamos a investir fortemente na capacitação das nossas equipas operacionais, garantindo que estas estejam preparadas para lidar com os desafios tecnológicos actuais, protegendo os dados dos nossos clientes e assegurando a integridade das nossas operações. Além disso, reforçamos constantemente as medidas de protecção de dados e segurança digital, alinhando-nos com os mais altos padrões internacionais. A modernização tecnológica traz benefícios, mas também exige responsabilidade e robustez nos processos internos – um compromisso que mantemos e fortalecemos todos os dias.

Como tornar esta numa plataforma contínua de inovação e melhoria do ambiente bancário no País?

Esta primeira edição marcou o início de um espaço essencial para reflexão e debate sobre o futuro do sector financeiro em Moçambique. No entanto, para que este fórum tenha um impacto duradouro, é fundamental que se mantenha dinâmico e envolva cada vez mais intervenientes, promovendo a troca contínua de conhecimento e experiências. Nós, enquanto Absa Bank Moçambique, pretendemos continuar a desempenhar um papel de facilitador, garantindo que este seja um ponto de encontro para todos os players do sector – bancos, reguladores, especialistas e outros actores estratégicos. Queremos que esta plataforma evolua, trazendo para a mesa temas disruptivos, soluções inovadoras e desafios emergentes, sempre com foco no fortalecimento do sistema financeiro nacional.

Texto: Pedro Cativelos • Fotografia: D.R

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