O setor mineral brasiliano é contra a reciprocidade à taxa Trump. Executivos das principais mineradoras do país mobilizam uma tentativa de resposta estratégica à tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos aos produtos brasileiros, que tem previsão de entrar em vigor no próximo dia 1º de agosto. O segmento organiza uma missão empresarial aos EUA para negociar diretamente com companhias norte-americanas.A data da viagem ainda não foi definida, mas o movimento ocorre com permissão do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB). Na última segunda-feira (21), mais de 130 representantes do setor participaram de uma reunião virtual com Alckmin, na qual o entendimento foi que os empresários busquem interlocução direta com o mercado norte-americano.O minério de ferro brasiliano exportado aos EUA é tão estratégico quanto a soja brasileira exportada à China.Economista Emerson EstevesSegundo Alckmin, o governo brasiliano vai tentar negociar um prazo suplementar de 60 a 90 dias para o início da taxação. Esse tempo é considerado decisivo para evitar prejuízos imediatos, principalmente em contratos com produtos já embarcados.O setor rejeita qualquer medida de retaliação. Com a reciprocidade à taxa Trump, o setor calcula o pagamento de ate R$ 1 bilhão a mais por ano em maquinário importado dos EUA, comprometendo competitividade e investimentos. Caminhões de mais de 100 toneladas, escavadeiras, moinhos e carregadeiras representam tecnologia de ponta que não têm similar vernáculo.O presidente do Instituto Brasiliano de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, diz que o impacto da reciprocidade à taxa Trump recairia diretamente sobre a estrutura de produção e elevaria os custos em larga graduação. Uma vez que efeito dominó, isso afetaria desde as exportações até os empregos e a arrecadação de tributos.VEJA TAMBÉM:Antes de Lula, Tarcísio lança crédito de R$ 200 milhões para exportadores de SPMissão aos EUA quer influenciar empresas e CongressoAlém das reuniões com o setor privado norte-americano, a missão brasileira pretende dialogar com membros do governo dos EUA e parlamentares. A intenção é mostrar que a tarifa prejudica ambos os lados. Em 2024, os EUA compraram US$ 1,58 bilhão em minérios brasileiros e venderam ao Brasil US$ 1,52 bilhão.“Esperamos relações comerciais previsíveis, baseadas no diálogo e no saudação reciprocamente”, disse Fernando Azevedo, dirigente do Ibram. Ele lembra que as empresas brasileiras respondem por 85% da produção mineral vernáculo e têm peso global.Setor mineral brasiliano é contra a reciprocidade à taxa Trump, anunciada para início em 1º de agosto. (Foto: Ricardo Teles/Escritório Brasil)O Ibram recebeu o emissário interino dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, na quarta-feira (23), para discutir a aproximação entre os dois países no setor mineral. Escobar apontou que agosto é um período de recesso nos Estados Unidos, o que torna os meses de setembro ou outubro mais propícios para uma missão empresarial com empresas brasileiras da mineração.O emissário demonstrou interesse nas ações do governo brasiliano voltadas à Política Vernáculo de Minerais Críticos e Estratégicos, atualmente em elaboração. Escobar também mencionou iniciativas parlamentares ligadas ao tema.A direção do Ibram informou que vai encaminhar os temas discutidos ao setor mineral brasiliano para deliberação. Segundo a entidade, o objetivo é estimar os possíveis desdobramentos da agenda bilateral iniciada.VEJA TAMBÉM:Tarifaço de Trump freia subida de governadores em oposição à reeleição de LulaMineração representa quase metade do superávit comercialDe convénio com dados divulgados pelo Ibram, o saldo mineral — que significa a diferença entre exportações e importações de minérios — atingiu US$ 34,95 bilhões em 2024. É o equivalente a 47% do superávit da balança mercantil brasileira, que foi de US$ 74,55 bilhões no ano. Ou seja, quase metade do fôlego extrínseco do Brasil vem da mineração.”A taxa Trump atinge o coração do negócio bilateral. Para dimensionar o impacto, basta confrontar: o minério de ferro brasiliano exportado aos EUA é tão estratégico quanto a soja brasileira exportada à China. Ou por outra, produtos porquê ouro, nióbio e pedras ornamentais também estão na mira das tarifas”, explica o economista Emerson Esteves. Instituto Brasiliano de Mineração (Ibram) aponta que o saldo mineral do Brasil é 47% do superávit da balança mercantil do país. (Foto: Leandro Grandi/Escritório Vale)Em 2024, os Estados Unidos foram responsáveis por quase 20% de tudo que o Brasil importou em minerais. Ficaram primeiro da Rússia (16%), Austrália (13,3%) e Canadá (12,2%). Isso reforça a interdependência entre os dois países no setor, o que pode ser decisivo na negociação.Enquanto isso, o Brasil exportou 400 milhões de toneladas em minérios no ano pretérito: o minério de ferro lidera com 68,7% do totalidade. A China foi o principal orientação, com quase 70% do volume exportado. Já os EUA receberam 4 milhões de toneladas, 3,5% das vendas externas brasileiras.

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