Nuno Markl não é sequaz de futebol, ainda assim não conseguiu, naturalmente, permanecer indiferente à notícia que esta quinta-feira abalou Portugal. Diogo Jota, de 28 anos, e o irmão, André Silva, de 25, morreram esta madrugada na sequência de um trágico acidente de viação. 
 
“Uma vez que é público, sou um ignorante futebolístico. Não tenho orgulho nisso: a minha intervalo em relação ao futebol foi um acidente. Não calhou interessar-me na fundura certa. Por isso não sabia muito quem era o Diogo Jota, nem o irmão, André Silva. Mas esta notícia, que recebemos esta manhã numa emissão em que estávamos muito destravados, caiu-me que nem uma avalanche de pedras. Foi paralisante”, disse.
Nuno Markl soube da notícia quando estava no ar, na rádio, com a emissão das ‘Manhãs da Mercantil’.
“Lidamos com várias formas de morte a todo o momento – começando logo pelas guerras que todos os dias varrem da face da Terreno uma quantidade insana de inocentes, a um ponto – perigoso – em que o público começa a permanecer um pouco anestesiado, quase habituado. A morte destes dois jovens irmãos bate de uma forma próxima porque reforça todos os clichês batidos mas verdadeiros sobre a vida e a morte. É uma lotaria maldita que nos labareda à Terreno: o auge de felicidade profissional e pessoal tende a plantar uma enganosa semente de imortalidade. Não é dita nem processada dessa maneira, mas existe um evidente espírito ‘impossível sobrevir um pouco de mal nesta fundura e a pessoas boas e gentis’. Mas zero vale zero. Pode calhar a qualquer um, a qualquer momento. A fragilidade de tudo nunca cessa de me espantar, sempre que me é recordada com uma pancada destas”, continuou o radialista. 
Por término, Nuno Markl volta a recorrer à reflexão neste momento de enorme dor. O participador pede que se deixem de lado futilidades e ‘guerras’ sem sentido, passando a valorizar-se ainda mais a vida e a sua efemeridade. 
“O que me leva sempre a outro clichê: porque relâmpago vivemos nesta fúria manente? O tempo que vejo pessoas perder em zaragatas inúteis nas redes sociais. Ou em zaragatas inúteis na vida. O interruptor pode ser desligado a qualquer momento, de qualquer maneira.
Mas sei que isto vai abalar-nos uns dias e daqui a pouco já estamos outra vez a encontrar que temos tempo suficiente para nos darmos ao luxo de o investir em tensões e merdas inúteis e torturantes. Está-nos na natureza, mas talvez não devêssemos resignar-nos à natureza e aprender alguma coisa.
Num post feliz de ontem, publicado a horas do seu término, o Diogo Jota mostrava o seu conúbio, ocorrido há dias. É doloroso pensar porquê o seu ‘para sempre’ foi tão pequeno. Inimaginável a dor de quem fica.
Os juízes das redes sociais dirão que tragédias anónimas porquê esta acontecem a toda a hora sem tributos. Que o tributo ao Diogo seja a todos, e à reflexão a que a certeza da tragédia nos devia obrigar”, completou.

Nuno Markl referia-se nas suas palavras à última publicação de Diogo Jota nas redes sociais. O futebolista mostrou no Instagram um vídeo do conúbio recente com a companheira de longa data, Rute Cardoso.
O parelha, com três filhos menores em geral, casou-se oficialmente no dia 22 de junho deste ano. Um dia memorável para toda a família. 
Leia Também: Chef Rui Paula e Paulo Battista participaram no conúbio de Diogo Jota