As fortunas superiores a mil milhões de dólares registaram um aumento de 121% entre 2015 e 2024, atingindo 12,2 biliões de dólares, revela o relatório anual do banco suíço UBS sobre grandes patrimónios. Apesar de um crescimento significativo ao longo da última década, o ritmo abrandou consideravelmente nos últimos quatro anos.

De acordo com o estudo, que assinala o seu décimo aniversário, o número de multimilionários também subiu durante este período, passando de 1757 em 2015 para 2682 em 2024. Contudo, enquanto entre 2015 e 2020 as grandes fortunas cresceram a um ritmo anual médio de 10%, desde então, o aumento reduziu para apenas 1% por ano.

O desempenho das grandes fortunas variou significativamente entre as regiões. Na América do Norte, o crescimento das grandes riquezas manteve-se robusto, com um aumento de 58,5% entre 2020 e 2024, passando de 3,8 biliões para 6,1 biliões de dólares. Na Europa Ocidental, o crescimento foi mais moderado: entre 2015 e 2020, as fortunas aumentaram 40%, subindo de 1,5 biliões para 2,1 biliões de dólares. Contudo, de 2020 a 2024, o crescimento foi de apenas 28%, situando-se actualmente em 2,7 biliões de dólares.

Na China, o comportamento foi distinto. Entre 2015 e 2020, as fortunas dos multimilionários cresceram 136%, subindo de 887,3 mil milhões para 2,1 biliões de dólares. Contudo, nos últimos quatro anos, registou-se uma redução de 14%, totalizando actualmente 1,8 biliões.

O sector tecnológico destacou-se como o maior impulsionador de riqueza na última década. As fortunas dos empresários ligados à tecnologia triplicaram, passando de 788,9 mil milhões de dólares em 2015 para 2,4 biliões em 2024, graças a investimentos em comércio electrónico, redes sociais, pagamentos digitais, Inteligência Artificial, robótica e cibersegurança.

O sector industrial também registou um crescimento impressionante, com as fortunas a triplicarem de 480,4 mil milhões para 1,3 biliões de dólares. Em sentido oposto, o sector imobiliário enfrentou dificuldades, afectado pela crise no mercado chinês, pelos impactos da pandemia de covid-19 nos imóveis comerciais e pela subida das taxas de juro na Europa e nos Estados Unidos.

Outra tendência identificada pelo relatório foi o aumento da mobilidade dos multimilionários. Desde 2020, 176 indivíduos deste grupo mudaram de país, escolhendo destinos como a Suíça, os Emirados Árabes Unidos, Singapura ou os Estados Unidos.

Em termos de crescimento anual, as fortunas norte-americanas destacaram-se entre 2023 e 2024, com um aumento de 27,6%, totalizando 5,8 biliões de dólares. Na Europa Ocidental, o crescimento no mesmo período foi de 16%, atingindo 2,7 biliões de dólares, impulsionado em grande parte por uma subida de 23,8% nas fortunas dos multimilionários na Suíça. No Brasil, 19 novos multimilionários integraram a lista, elevando o total para 60, com as fortunas no país a crescerem 37,7%, atingindo 154,9 mil milhões de dólares.

Apesar do abrandamento recente, o relatório do UBS evidencia como a acumulação de grandes patrimónios continua a transformar a economia global, apresentando dinâmicas distintas entre regiões e sectores.

Fonte: Lusa