
Depois de mais de uma dez de debate público sobre um tema estruturante para a economia vernáculo, o Governo concluiu a redação da proposta de Lei de Teor Sítio que obriga os projectos e empreendimentos do sector do petróleo e gás a contratar preferencialmente e, em certos casos, com exclusividade, mão-de-obra, bens e serviços moçambicanos. O diploma aguarda agora crítica e aprovação pelo Parecer de Ministros.
Segundo o cláusula 7.º, as entidades abrangidas pela lei devem prometer a contratação de trabalhadores nacionais “com o propósito de formar, transferir conhecimento e as competências adequadas ao sector do Petróleo”, em simetria com a Lei de Petróleo e demais legislação aplicável.
No mesmo sentido, o cláusula 6.º impõe que as empresas privilegiem “a obtenção de bens, serviços e obras, produzidas e prestadas em território vernáculo, por empresas moçambicanas”, promovendo simultaneamente a capacitação do empresariado lugar.
Para testificar o cumprimento, é criada a Dependência de Teor Sítio, órgão público responsável pela regulação, fiscalização e emprego de sanções em caso de incumprimento. De negócio com o cláusula 21.º, todos os projectos de petróleo e gás terão de sujeitar, anualmente, à Dependência um relatório pormenorizado sobre o Projecto de Teor Sítio revalidado, o intensidade de cumprimento das metas e os resultados alcançados.
O regime de exclusividade, previsto no cláusula 25.º, determina que só possam ser adquiridos, nesse regime, os bens e serviços que cumpram, pelo menos, um dos seguintes requisitos: sejam produzidos ou prestados com recurso a um mínimo de 80% de factores de produção nacionais; provenham de empresas moçambicanas com pelo menos 40% de capitais detidos por moçambicanos; ou sejam prestados por empresas cuja volume salarial seja maioritariamente vernáculo.
As sanções por violação da lei variam entre multas pecuniárias, cancelamento de contratos e até suspensão da autorização de funcionamento no território vernáculo.
A proposta de Lei de Teor Sítio pretende, assim, responder às criticas de que os megaprojectos de hidrocarbonetos não têm beneficiado suficientemente o tecido empresarial e a mão-de-obra moçambicana, reforçando a participação dos cidadãos e empresas nacionais na cárcere de valor do sector.
Natividade: O País